11/02/2010

Imaginem

Imaginem


Imaginem

Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.

Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento.

Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.

Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar. Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês.

Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência.

Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas. Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.

Imaginem remédios dez por cento mais baratos.

Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.

Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.

Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.

Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos.

Imaginem que país seremos se não o fizermos.

:D

5 banalidades:

Sergio disse...

Demagogia...pura demagogia! :-SSSSS

Tug@ disse...

é....
tb a do john lenon! :D

mas não deixa de ser verdade!

Sergio disse...

O d John Lenon é um "wishfull thinking". isto nao!!!!!

o principio é tao mau q nem sei por onde comecar a rebater:
- será q quem escreveu isto tb aceitaria 10% d corte no seu salario? convinhamos, ou se prega ou tb se aje, nao?

- parece q aqui se quer atacar "quem ganha mais". ora ganhar mais, é uma coisa subjectiva. Tu, Nuno, tb ganhas mais q alguem. estarias diposto a cortar 10%? "ah....mas eu nao ganho assim tanto", dizes tu...mais uma vez - > subjectivo!

e qq pessoa afectada poderia dizer: mas este é o salario justo p este tipo de responsabilidades, habilitacoes, esforco, horas trabalhadas e experiencia. pq é q de repente o meu salario será reduzido?
efeito indirecto -> as pessoas q realmente estao confiantes q o q recebem é proporcinal ao q sabem irao-se mudar imediatamente!
neste caso, seria d funcao publica p o privado (aumentando ainda mais a falta de bons profissionais n sector publico) ou ainda pior, sair d pais p outra qq empresa. (assim o pais deixa d ter um profissional altamente qualificado q pagava bastantes impostos e gerava riqueza e know-how p o pais....

Claro q eu concordo q muitos salarios estao extrapolados, mas isso acontece em varios sectores (vejamos agora o mais recente alerta no sector d futebol), mas nao é assim q as coisas se solucionam!

Na minha opiniao, o ponto q se deve atacar é NIVELAR os salarios na altura d ENTRADA d um novo profissional n empresa! Se se comecar mais abaixo, as coisas n ficam tao desmesuradas depois!
Outro ponto a atacar, sao os beneficios compensatorios ALEM d salario q estao demasiado fora d media dos demais trabalhadores! (ex.: atingir a reforma c 10 anos d trabalho!,etc...)

è mt bonito dar um murro n mesa pois chama bastante a atencao, mas o murro em si nao é solucao p nada, pois nao?

Tug@ disse...

"assim o pais deixa d ter um profissional altamente qualificado q pagava bastantes impostos e gerava riqueza e know-how p o pais...."

concordo plenamente contigo!

mas a questão é k a maioria das pessoas a quem este texto (julgo eu) se destina/ataca, de certeza que paga menos impostos k tu e eu!

concordo plenamente com salários compatíveis com a função prestada, e um líder tem de ser bem pago, mas não em excesso!!! como se vê por este país fora, e nisso tens de concordar comigo!

para kê carros novos de 3 em 3 anos?

por kê carros de 150.000 €?

um de 75.000 não chega?

por kê um 4.5 tdi?

um 3.0 nao chega?

este texto refere-se, a meu ver, ao teu e ao meu dinheiro de impostos, mal, muito mal gasto!

se eu tiver um trabalhador que não dê benefícios à empresa, de certeza k não o aumento e secalhar até lhe mostro a serventia da casa, nunca prémios milionários!

tudo isto com dinheiros publicos!!!!

Sergio disse...

"por kê um 4.5 tdi?
um 3.0 nao chega?"
a resposta a isso, q é dada por quem tem o 4.5 tdi, é simples e pragmatica: se o meu inferior hierarquico tem o 3.0, eu nao devo ter o modelo acima?
claro q sim!...o problema é q se entra numa espiral d "simples e pragmatica" e no final, uma coisa q devia fazer sentido e estar balanceada, ja nao está e ve-se alguns descalabros. Aí, eu concordo contigo! mas repara q eu disse "alguns". e como tal, a solucao passa por corrigir esses "alguns" exemplos em vez d atirar balelas p o ar d "todos deviam cortar 10%" !!

o problema é q a funcao publica tem o historico (mau) habito d ter aumentos em massa. em vez d valorizar quem realmente traz valor acrescentado (como numa empresa qq!!). isso faz c q mts altos salarios sejam merecidos mas outros nao e nao ha nada q o estado possa fazer p nao o aumentar! :-S